Venezuelanos não aturam mais o presidente Nicolás Maduro, tacam fogo em Estádua de Hugo Chávez em ato de protesto

Protestos de madrugada contra Maduro têm 4 mortos e estátua de Hugo Chávez queimada

CARACAS — As primeiras horas desta quarta-feira já começaram tensas na Venezuela numa data simbólica para o país. Durante a noite de terça e nesta madrugada, centenas de pessoas, sobretudo em Caracas, saíram às ruas para dar início a uma jornada de protestos contra o presidente Nicolás Maduro . As manifestações chegaram a bairros pobre da capital, antes redutos do presidente Hugo Chávez (1999-2013), onde houve panelaços e, de acordo com o Observatório do Conflito Social, pelo menos 60 focos de manifestações.



Em diversas ruas, foram formadas barricadas com lixo e pneus incendiados. Segundo o Observatório do Conflito Social, um jovem de 16 anos morreu na favela de Catia, no setor oeste de Caracas. De acordo com o site Efecto Cocuyo, seu nome era Allixon Pizani. Cinco pessoas teriam sofrido ferimentos a bala durante a repressão das forças do governo. A polícia e ativistas confirmaram nesta quarta-feira que houve outras três mortes durante protestos em Bolivar, reportou a agência France Presse.

O bairro de Catia, que pode ser comparado à carioca Rocinha, foi durante os anos 2000 um bastião chavista. A situação começou a mudar com a degradação da situação econômica e social — inflação de mais de 1.000.000% em 2018 e uma queda do PIB que passou de 50% entre 2014 e 2018. Um mototaxista de 35 anos em Catia, Israel Ibarra disse à agência Reuters que o governo e a oposição "têm que chegar a um acordo para que se saia desta situação, porque quem está sofrendo é o povo. Está se deteriorando nossa qualidade de vida".

De acordo com a imprensa venezuelana, uma estátua de Hugo Chávez, antecessor de Maduro, foi queimada num gesto de protesto contra o atual governo, também na noite de terça-feira. O episódio aconteceu em San Félix, no estado de Bolívar.

A onda de protestos se desencadeia depois que, na segunda-feira, um grupo de militares e oficiais da Guarda Nacional Boliviariana (GNB) se amotinou contra o governo. O grupo roubou armas e veículos militares e se entrincheirou no quartel de Cotiza, em Caracas. O governo logo contra-atacou e deteve 27 militares. Em situação financeira precária e com maior contato com a população, os integrantes da GNB são o elo mais fraco do apoio militar ao governo Maduro.

Grupos civis apoiaram o motim e também saíram às ruas. Para esta quarta-feira, é esperado um dia de alta tensão, uma vez que se celebra entre os venezuelanos o 23 de Janeiro, data que marca o golpe que, em 1958, derrubou a ditadura do general Marcos Pérez Jiménez. Depois de dez anos no poder, ele e sua família fugiram neste dia à República Dominicana.

Tradicionalmente os venezuelanos celembram todos os anos esta data, mesmo que estejam de lados diferentes do espectro político. Em 2019, o líder opositor e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, convocou os insatisfeitos com o governo Maduro para exigir "o fim da usurpação, um governo de transição e eleições livres". Ele vem inflamando as Forças Armadas e a população a se unirem contra o presidente.

Por sua vez, Maduro também convocou seus apoiadores às ruas para defender a sua chamada Revolução Socialista do plano que, segundo o presidente, os Estados Unidos lideram para derrubá-lo. Está prevista a participação do chefe do Palácio de Miraflores nas marchas.

— Faço um chamado ao povo venezuelano: calma, sanidade, máxima consciência e máxima mobilização popular para a defesa da pátria, da democracia e da Constituição — disse Maduro na noite de terça-feira em um discurso televisionado. — Não estamos intimidados. Não queremos brigas, queremos paz.

A oposição tem argumentado que o novo mandato de Maduro, para o qual ele tomou posse no última dia 10, é ilegítimo devido às condições em que ocorreu o pleito no qual ele foi reeleito, em maio de 2018. A Assembleia declarou o presidente um "usurpador" e discute um decreto que levaria à formação de um governo de transição, encarregado de convocar novas eleições.




Extraido de : O Globo.com

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